sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Você

Colocar a cabeça no travesseiro, ser acolhida pela cama quente, escondida pela escuridão do quarto e sonhar acordada com você, você que eu não conheço, você que não é do jeito que eu imagino, não tão idiota, não tão bonito, nem tão engraçado, nem tão inseguro por trás desses olhos verdes, olhos de vampiro, olhos sedutores e traiçoeiros, olhos de mentiroso que me levam a um sono profundo, do qual, pela manhã, eu desperto para uma realidade sem graça onde você não existe.

What?

Um sujeito alto e esguio, com um chapéu de porte médio, parou seu carro no lado oposto da estrada e caminhou em nossa direção; parecia o xerife. Silenciosamente preparamos nossas desculpas. Ele se aproximou vagarosamente: "Ei, rapazes, vocês estão indo para algum lugar específico ou estão apenas indo?". Não entendemos bem a pergunta. Era uma pergunta boa pra cacete.
On the Road- Jack Kerouac

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Oh, Jack!

Carta encolerizada, redigida em um cubículo na Cidade do México em fins de 1956:

"O que tenho eu? Tenho 35 anos. Uma ex-mulher que me odeia e que gostaria de me ver na cadeia. Uma filha que nunca vejo. Um bolso vazio. Minha própria mãe, após todos esses anos de labuta e lágrimas, ainda rala o rabo numa fábrica de sapatos. E eu não tenho um só centavo, nem para uma puta que preste. Maldito seja! Filho da puta! Às vezes penso que a única coisa que está pronta para me aceitar é a morte. Nada nesse mundo parece me querer, ou lembrar-se de mim. Sabe o que acho dessa vida desprezível? Vou abandonar essa história de romances épicos e tentar concentrar meu talento - se é que tenho algum - no que quer que não seja escrever. O que sei é que existem apenas dor e desespero aguardando por nós todos, especialmente por mim. Sou o mais solitário escritor da América, e vou lhe dizer por quê: porque escrevi seis longos romances desde março de 1951 e nenhum deles foi aceito até agora, agora, AGORA!"

Poucas semanas depois, On the road era enfim aceito pela (editora)Viking. Foi publicado um ano depois - e, quase por acaso, aclamado por The New York Times. Mas (Jack) Kerouac, que já começava a alimentar sentimentos dúbios com relação ao livro, ficou quase indignado com a situação, pois tinha se sujeitado às mudanças propostas pelos editores.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Love hangover

- Eu não quero conversar._ ela diz, irritada.
- Tá legal. Eu gosto do silêncio.
Eles continuam andando.
- Ai, que droga!_ ela tira os sapatos de salto alto.
- Achei mesmo que tu não agüentaria o silêncio por muito tempo.
- Cala a boca! Tu se acha muito engraçado, né?
- Eu só quero conversar.
- Eu não quero falar contigo.
- Vamos resolver as coisas.
- Tá resolvido. Tá tudo terminado.
- Não pode acabar assim.
- Por que tu não vai embora?
- Porque eu não vou te deixar sozinha, andando a essa hora, em pleno domingo.
- Eu não preciso de ti. Nunca mais.
- Eu sei que eu fui um babaca.
- Imagina se não soubesse.
- Pra onde tu tá indo?
- Pra qualquer lugar.
- Eu vou contigo.
Eles percorrem as ruas quase desertas, encaram o sol que há pouco nasceu e continuam juntos.
- Eu tô cansado. Vamos conversar.
- Vai embora.
- Por favor.
- Me deixa!_ ele a puxa para si bruscamente.
- Me deixa explicar._ os olhos verdes dele encaram os olhos castanhos chorosos dela.
- Por que tu fez aquilo? Por que insiste em me machucar?
- Desculpa._ ele diz, denunciando no tom as lágrimas prestes a rolar.
- Eu não suporto mais.
- Me perdoa. Eu sei que eu só faço merda, mas... Eu não quero te perder.
- Então por quê? Por que tu sempre estraga tudo?_ ela responde, as mãos no peito dele._ Eu te odeio.
- E eu te amo.
- Não ama.
- Amo.
- Quem ama não faz o que tu fez.
- Se eu não amasse não estaria te seguindo por quase uma hora pela cidade._ ela não fala nada._ Me dá mais uma chance.
- Não posso.
- Não desiste de mim. Eu te amo tanto.
- Eu também te amo tanto._ ela sussurra.
Enquanto a cidade acorda de ressaca, um beijo acontece numa esquina qualquer.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

I don't love you anymore

- Só porque está vestido pobremente não significa que não seja Chuck Bass.
- Por que gostaria de ser ele?
- Devia ter me dito que levou um tiro.
- Estou surpreso que você mesma não atirou em mim.
- Atirei nos meus sonhos muitas vezes. Nos bons. Mas se estivesse realmente machucado, gostaria de saber.
- Quando acordei, minha identidade tinha sumido. Ninguém sabia quem eu era. Ninguém vinha me procurar. Percebi que podia estar vivo, mas Chuck Bass não precisava.
- Mudar o seu nome não muda quem você é.
- É um bom começo, uma chance de viver simples, ganhar o respeito das pessoas, talvez me tornar uma pessoa que alguém possa amar.
- Alguém te amou. E você deve isso a ela... E a todos que está deixando para trás. Não fugir, que é o que está fazendo. E não acho que esse ótimo homem que está falando que quer ser, seja um covarde. Acho que encararia o que fez.
- Destruí a única coisa que já amei.
Ela lhe entrega uma caixa com o anel de casamento que deveria ser seu e uma carta. Os olhos quase transbordando.
- Eu não te amo mais._ ela diz, ele sorri timidamente._ Mas precisa de muito mais do que você pra destruir Blair Waldorf.
- Seu mundo seria mais fácil se eu não voltasse.
- É verdade. Mas não seria o meu mundo sem você nele.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Remember Me

"O que quer que você faça na vida, será insignificante. Mas é muito importante que você o faça. Porque... ninguém mais o fará. Como quando alguém entra na sua vida, e metade de você diz que não está nem um pouco preparado. Mas a outra metade diz: faça que ela seja sua para sempre."

Indignação

Quem é esse sujeito?
Quem é ele que me interroga desse jeito?
Irônico.
Ambíguo.
Obsceno.
Como ousou achar que tinha esse direito?
Eu me calo.
Eu aguento.
Mas sinto muito, babaca, eu sempre vou ser essa dúvida te corroendo.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

A teimosa e O egoísta

Deitados no chão do quarto escuro, olham as estrelas através da janela. Os olhos no céu, os corações palpitando rapidamente, cansados de tantas brigas.
- Por que está aqui?_ ele pergunta.
- Por que isso agora?
- Porque eu não te mereço.
- Por que diz isso?
- Porque é a verdade.
- Quer que eu vá embora?
- Não, mas é o que tu devia fazer.
- Eu sei.
- Por que não faz?
- Por que eu devia?
- Isso não faz sentido.
- O quê?
- Tu estar aqui.
- O que tu quer que eu faça? Desista de ti? Desista de nós?
- Seria o correto.
- Eu sei.
- Mas eu não quero que desista.
- Então por que está pedindo isso?
- Porque eu não quero mais te machucar.
- E eu não quero mais sofrer.
- Então vai embora.
- Não.
- Tu é tão teimosa.
- Tu é tão covarde.
- E mentiroso. E canalha. Eu sei tudo que tu vai dizer.
- Eu vou embora._ ela diz, mas não se mexe.
- Não vai._ ele pede, depois de uma pequena pausa.
- Por quê?
- Porque eu sou egoísta. Não quero outro cara na tua vida.
- Tem razão, é um motivo bem egoísta.
- Tu vai embora?
- Não.
- Por quê?
- Porque eu não quero outro cara na minha vida.
E o resto é silêncio e estrelas.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Letristas

Tão diferentes, mas tão iguais. Me impressiono (com esse pronome oblíquo antes do verbo, Ellen? Não, idiota.) que só tenha percebido isso agora. Somos nossos melhores amigos. Somos atores, músicos, escritores. Somos prosas e poesias. Somos parnasianos, naturalistas, por vezes realistas, outras românticos, talvez modernistas. Alguns citam autores famosos se achando super intelectuais, outros não lembram nem de frases banais. Desprezamos os pedantes porque falam demais do que não sabem e por acharem que todos são ignorantes. Temos um mundo à parte porque só lá podemos ser quem queremos ser, só lá podemos sonhar com o impossível. Sonhos, quantos sonhos guardados em nosso peito, quantas palavras não ditas, quanto mistério por trás de nossos olhos, olhos curiosos, olhos tristes, olhos cansados. Esperamos tanto de nada, queremos mais do que tudo. Sempre insatisfeitos com o dia, com o clima, com as pessoas, com a vida. Temos tanto medo de ser normais porque ser normal não é ser diferente, é ser comum, e ser comum é não ter nada a acrescentar quando temos tanto a oferecer. Mas não adianta, sofremos de autopiedade, sempre sentimos aquela sensação de inferioridade inerente ao inseguro. Sim, somos inseguros, mais do que devíamos ser e menos do que achamos que somos. Sei lá, há profundidade em nós, há um turbilhão de pensamentos, uma infinidade de sentimentos que apertam nosso coração, formam um nó na garganta e transbordam rosto abaixo. Somos bipolares. Você me entende, não é? Eu sei que sim. Porque você sou eu e eu sou você. Tão diferentes, tão iguais.

Real Me

Chuck: "Eu estava com medo,...medo de que se ficássemos o verão inteiro juntos, só a gente...você iria ver"
Blair: "Ver o quê?"
Chuck: "Eu."

domingo, 17 de outubro de 2010

Vácuo

É evidente que a solidão é perigosa para as inteligências que trabalham. Necessitamos ter à nossa volta homens que pensem e que discorrem. Quando estamos sozinhos durante muito tempo, acabamos por povoar o vácuo com fantasmas.
Maupassant

Coisas banais

Não ando escrevendo muito, muito menos algo que preste. Não neste blog. Falta inspiração ou é incompetência mesmo? Eu sei que posso mais. Mas estou sendo bem informal, falando de coisas banais, do meu dia a dia, dos meus medos, planos, ilusões, postando frases que me agradam, músicas que dizem mais do que eu posso dizer. Acho que sou meio assim, meio informal.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Becoming Jane


Não é ficção no espaço entre eu e você.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Primavera

"Em vão, centenas de milhares de homens, amontoados num pequeno espaço, se esforçavam por desfigurar a terra em que viviam. Em vão, a cobriam de pedras para que nada pudesse germinar; em vão arrancavam as ervas tenras que pugnavam por irromper; em vão impregnavam o ar de fumaça; em vão escorraçavam os animais e os pássaros - Em vão… Porque até na cidade, a Primavera é Primavera." 


Tolstói, em "Ressurreição"

sábado, 9 de outubro de 2010

Quem vai me salvar?

Eu sou uma Super-garota

e estou aqui pra salvar o mundo

Mas eu quero saber

Quem irá me salvar?

Eu sou uma Super-garota

e estou aqui pra salvar o mundo

Mas eu quero saber

Por que eu me sinto tão sozinha?

 
 
Supergirl- Krystal (trilha sonora Diário da Princesa)

I'm not fake

Tá legal, eu não consegui terminar de ler O Cortiço, mas li o texto de Ensino e Identidade Docente, fiz o trabalho sozinha, a apresentação foi boa, terminei Persuasion da Jane Austen, estou tentando acabar o último volume de Gossip Girl publicado em português, começo hoje o resumo da minha parte no trabalho de Filosofia. É, a vida é dor. Na verdade, agora, eu queria estar num barzinho com as gurias do Jane Austen Book Club e não em casa.
Além de estar ocupada com a faculdade, de procrastinar leituras até não poder mais, ainda sirvo de ouvinte confessional. Nunca vi meu primo daquele jeito, nunca o vi como ele é. Certamente que a culpa é dele. Ele me fez ter uma ideia errada de quem é pelo modo como agia. Ele estava sofrendo, eu via em seus olhos. Me disse que podemos realmente ser amigos e o fato de me contar o que aconteceu demonstrou sua confiança em mim, mesmo eu sendo mais nova e muito mais inexperiente que ele. Me disse que não deseja que eu passe pela mesma coisa e que eu saiba escolher bem as pessoas ao meu redor e principalmente aquela que quero que fique ao meu lado para sempre.
Acho que estou aprendendo a escolher minhas companhias. Já me decepcionei bastante com algumas pessoas, geralmente tenho o pé atrás com a maioria. Mas agora, não creio que seja o caso. Não que eu me importe que falem mal de mim pelas costas, é uma questão de ser falso ou não. Ninguém é obrigado a gostar de mim, não seja meu amigo, me ignore. A minha consciência está tranquila. I'm not fake.

domingo, 3 de outubro de 2010

It had to be you

For nobody else, gave me a thrill - with all your faults, I love you still. 
It had to be you, wonderful you, it had to be you.

"Ninguém mais me emocionou - com todos os seus defeitos, eu ainda te amo.
Só podia ser você, tão maravilhoso, só podia ser você."

Como cantou Frank Sinatra

sábado, 2 de outubro de 2010

Faz tempo...

...que não escrevo sobre a faculdade, né? Eu sei, não ando muito inspirada para escrever qualquer coisa e minha vida não ajuda muito porque não acontece nada (ignorar lamentações).
Enfim, quinta feira terminou a Semana de Letras. Foi legalzinha até,  mas eu pensei que iria ter um pouco mais de descanso e isso não aconteceu. Escolhi as oficinas de Narrativas gráficas (histórias em quadrinhos) e Canção Brasileira como ferramenta no ensino de Línguas Adicionais, ou seja, se é possível e como ensinar português para estrangeiros a partir da nossa música. Gostei das duas.
Outras coisas andam ocupando meu pensamento. Tenho prova de Visão Crítica essa semana e nem tenho todos os textos para estudar, e tenho apresentação de Ensino e Identidade Docente na quinta, mas não estou com vontade de ler aquela merda de texto. Além disso, tenho que ler O Cortiço. Não é tanto sacrifício assim, mas como fazer alguma coisa quando tu não quer fazer nada? Pergunta difícil.