segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Love hangover

- Eu não quero conversar._ ela diz, irritada.
- Tá legal. Eu gosto do silêncio.
Eles continuam andando.
- Ai, que droga!_ ela tira os sapatos de salto alto.
- Achei mesmo que tu não agüentaria o silêncio por muito tempo.
- Cala a boca! Tu se acha muito engraçado, né?
- Eu só quero conversar.
- Eu não quero falar contigo.
- Vamos resolver as coisas.
- Tá resolvido. Tá tudo terminado.
- Não pode acabar assim.
- Por que tu não vai embora?
- Porque eu não vou te deixar sozinha, andando a essa hora, em pleno domingo.
- Eu não preciso de ti. Nunca mais.
- Eu sei que eu fui um babaca.
- Imagina se não soubesse.
- Pra onde tu tá indo?
- Pra qualquer lugar.
- Eu vou contigo.
Eles percorrem as ruas quase desertas, encaram o sol que há pouco nasceu e continuam juntos.
- Eu tô cansado. Vamos conversar.
- Vai embora.
- Por favor.
- Me deixa!_ ele a puxa para si bruscamente.
- Me deixa explicar._ os olhos verdes dele encaram os olhos castanhos chorosos dela.
- Por que tu fez aquilo? Por que insiste em me machucar?
- Desculpa._ ele diz, denunciando no tom as lágrimas prestes a rolar.
- Eu não suporto mais.
- Me perdoa. Eu sei que eu só faço merda, mas... Eu não quero te perder.
- Então por quê? Por que tu sempre estraga tudo?_ ela responde, as mãos no peito dele._ Eu te odeio.
- E eu te amo.
- Não ama.
- Amo.
- Quem ama não faz o que tu fez.
- Se eu não amasse não estaria te seguindo por quase uma hora pela cidade._ ela não fala nada._ Me dá mais uma chance.
- Não posso.
- Não desiste de mim. Eu te amo tanto.
- Eu também te amo tanto._ ela sussurra.
Enquanto a cidade acorda de ressaca, um beijo acontece numa esquina qualquer.

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