quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Oh, Jack!

Carta encolerizada, redigida em um cubículo na Cidade do México em fins de 1956:

"O que tenho eu? Tenho 35 anos. Uma ex-mulher que me odeia e que gostaria de me ver na cadeia. Uma filha que nunca vejo. Um bolso vazio. Minha própria mãe, após todos esses anos de labuta e lágrimas, ainda rala o rabo numa fábrica de sapatos. E eu não tenho um só centavo, nem para uma puta que preste. Maldito seja! Filho da puta! Às vezes penso que a única coisa que está pronta para me aceitar é a morte. Nada nesse mundo parece me querer, ou lembrar-se de mim. Sabe o que acho dessa vida desprezível? Vou abandonar essa história de romances épicos e tentar concentrar meu talento - se é que tenho algum - no que quer que não seja escrever. O que sei é que existem apenas dor e desespero aguardando por nós todos, especialmente por mim. Sou o mais solitário escritor da América, e vou lhe dizer por quê: porque escrevi seis longos romances desde março de 1951 e nenhum deles foi aceito até agora, agora, AGORA!"

Poucas semanas depois, On the road era enfim aceito pela (editora)Viking. Foi publicado um ano depois - e, quase por acaso, aclamado por The New York Times. Mas (Jack) Kerouac, que já começava a alimentar sentimentos dúbios com relação ao livro, ficou quase indignado com a situação, pois tinha se sujeitado às mudanças propostas pelos editores.

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