terça-feira, 15 de março de 2011

A little bit of panic

"Só que rapidamente fica óbvio que aqueles não são meus colegas, e que não tenho nada que estar ali, porque o nível dois é, na verdade, muito difícil. Tenho a sensação de estar conseguindo não me afogar, mas é por pouco. A cada respiração, engulo mais água. O professor, um cara magrinho (por que os professores aqui são tão magrinhos? Não confio em italianos magros), avança depressa demais, pulando capítulos inteiros do livro, dizendo: "Isto vocês já sabem, isto aqui também...", e mantendo um diálogo rapidíssimo com meus colegas aparentemente fluentes. Meu estômago se contrai de terror, e fico tentando respirar e rezando para ele não me chamar." 
Comer, Rezar, Amar- Elizabeth Gilbert

E eu pensando que só eu sofria de desespero nas aulas de língua estrangeira. Na verdade, nunca havia sentido isso até o segundo semestre de Inglês na faculdade. Dois professores, cada um cobrando de mim coisas difíceis para quem ficou cinco anos sem ter inglês e que só sabia o verbo to be e o que aprendeu com letras de músicas. De repente, eu tinha que fazer prova oral, ou seja, falar aquela língua tão cantada, mas raramente falada fluentemente por mim. De repente, eu tinha que escrever textos em uma língua que limita meu fluxo de criatividade textual. De repente, eu tinha que pensar na estrutura das frases antes de falar. De repente, eu me senti tão perdida e aterrorizada que, sim, eu morria de medo que os professores me chamassem. Cheguei a até sair da sala mais cedo uma vez, ou melhor, fugir. Simplesmente fugi daquela aula porque não aguentava mais um minuto daquela tortura. Agora, comecei o terceiro semestre e já sinto meu medo do Inglês e do meu quase pânico de falar em público se aproximando. Inglês se tornou a cadeira mais angustiante para mim. As pessoas estão (quase) desistindo dessa cadeira. Mas eu não. E você se pergunta por quê? E eu me pergunto por quê? Bem, eu simplesmente decidi que ou eu aprendo agora ou não aprendo nunca mais, a menos que eu viaje e aprenda na marra. Para alcançar meu objetivo, me inscrevi num curso de inglês que promete me deixar fluente, se eu colaborar, é claro, em um ano. Veja o tamanho de meu desespero. Então leio um livro e percebo que não sou só eu que me sinto desesperada com meus professores que acham que já sabemos tudo, ou os bixos que foram parar na minha sala por causa do teste de nivelamento, ou, ainda, com meus colegas que estão no mesmo nível que eu no comprovante de matrícula, mas que, na verdade, são totalmente ou consideravelmente fluentes. O que eu não entendo é a cara de pau deles de dizer que não sabem nada, mas quando o professor chama seus nomes, não os ouço gaguejar. Isso faz eu me perguntar se sou eu que estou no nível errado ou são eles. Às vezes dá vontade de fazer como Elizabeth Gilbert e pedir para ir para o nível -1, por favor. Ou talvez tudo isso só seja meu medo de realmente enfrentar algo real, de realmente testar os meus limites de aprendizagem e de discurso. Com todos esses e outros pensamentos que rolam na minha mente loucaintelectualaquariana, questiono, frequentemente e, principalmente, ultimamente, minha capacidade de lecionar, mas isso já é outro assunto.

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