segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Realidade Ordinária

Férias de inverno que deveriam ser férias do inverno. Quatro horas improdutivas de trabalho por dia. Manhãs perdidas em um sono intranqüilo. Energia gasta em cinco dias de academia por semana. Tudo o que ela queria era que sexta-feira chegasse logo. E chegou. Sempre chega. A noite estava agradável apesar de um tanto fria. Ela vestiu as botas e seu casaco preto. O mesmo lugar das outras sextas-feiras, um antro de pessoas interessantes e de pessoas babacas. Um lugar onde se sentia confortável, um lugar onde podia falar sobre a vida ou treinar seu inglês com um estranho que repentinamente senta ao seu lado. Um copo atrás do outro, ri das gracinhas do cara do bar que parece ser judeu, os pensamentos vindo na mesma velocidade que as ondas se formam e quebram no mar. Os olhos castanhos atentos, sempre em busca de outros olhos que procuram o que os seus possuem. Ela sofre, castiga a si mesma, nunca deixando ninguém enxergar a sujeira que esconde embaixo de sua máscara de feições alegres. Ela toma o último copo de cerveja, sai do bar quase tropeçando em seus calcanhares, entra no carro de um cara que nunca viu, acompanhada de uma amiga e outro estranho. Coloca o cinto, ainda não está bêbada o suficiente para esquecer. Entra em outro bar, vai ao banheiro e ri da realidade sonhada da geminiana perdida. Ela também estava sonhando, ela também estava perdida. Todos estão perdidos e todos estão tão desesperados para se encontrar. Será que é possível? Jovens loucos e tristes e insatisfeitos e ingênuos correndo pelas ruas da cidade como se fossem imortais. A verdade é que eles têm medo. Medo de viver uma vida menos ordinária e mais genuína, livre dos valores egoístas, livres de um sistema programado para fazê-los acreditar que seus sonhos são impossíveis.

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